O que é ser uma escritora negra hoje, de acordo comigo

2023



“O meu maior privilégio imerecido é ter nascido em 1982. Não é ter tido uma educação, ter sido amada e protegida pela minha família. Não é a habitação, ou sequer o acesso à saúde. A data do meu nascimento é o meu maior privilégio. Peso cada palavra. Houvesse eu nascido setenta anos antes e não haveria lugar a estas linhas, ou a qualquer dos meus livros. Fosse eu uma mulher negra da geração da minha avó, ou mesmo da geração da minha mãe, e o meu destino seria outro. Durante muito tempo, imaginei que escrevia para não desperdiçar a minha vida. Não vivo de escrever, mas escrever é quem sou. Morreria, caso não pudesse escrever, e viveria uma vida de tortura, caso fosse impedida de o fazer, ou se não lograsse encontrar quem me lesse. Caso não pudesse escrever — peso cada palavra — sucumbiria à tristeza e é muito provável que enlouquecesse.”




Em Agosto, na Todavia.